O Open Banking é um dos desafios mais ambiciosos já vistos no campo da tecnologia financeira no Brasil. Porém, o chamado Sistema Financeiro Aberto está sendo implementado em tempo recorde comparado a outros países. Qual será o segredo? Quais são as mudanças práticas na vida das pessoas?
O Open Banking no Brasil começou a ser implementado em fevereiro de 2021. O trabalho inicial foi de construção da infraestrutura tecnológica que possibilita a flexibilidade que o sistema propõe. Essa primeira etapa foi executada por bancos e fintechs, que prepararam seus sistemas para o compartilhamento de dados.
Além disso, também abre caminho para uma evolução: o Open Finance. A partir daí, não só empresas financeiras, mas outros segmentos que fazem ou recebem pagamentos também poderão usufruir desse avanço tecnológico. Quer saber como? Descubra a partir de agora!
O que é Open Banking?
O Open Banking também é chamado de Sistema Financeiro Aberto. Segundo o Banco Central, trata-se de um sistema em que clientes podem optar por compartilhar seus dados com instituições financeiras.
O objetivo é ampliar a concorrência saudável entre bancos e outras organizações. Historicamente, as transações financeiras feitas no Brasil são concentradas em cinco instituições: Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Santader e Caixa Econômica Federal. Juntas, elas detêm quase 70% do mercado de crédito no país.
Para entender a evolução que o Open Banking no Brasil representa, primeiro é preciso entender como funcionava o sistema bancário antes do compartilhamento de informações.
Antes, as instituições financeiras não tinham acesso ao relacionamento prévio de clientes com a concorrência. Não era possível saber, por exemplo, o histórico de pagamentos das pessoas, a forma como elas usam produtos de crédito (cartões, empréstimos), os tipos de seguros que contratam e os investimentos que costumam fazer.
Sem essa visibilidade, sempre que um cliente começava um novo relacionamento com um banco era necessário construir tudo de novo, como se o seu passado fosse apagado.
É verdade que birôs como Serasa e Boa Vista ajudavam a determinar o score de crédito de uma pessoa (a chance de ela deixar de pagar alguma dívida). Mas mesmo esse sistema não tinha detalhes do histórico e podia trazer avaliações equivocadas.
A implementação do Open Banking no Brasil
A implementação do Open Banking no Brasil está sendo conduzida pelo Banco Central desde fevereiro de 2021 em quatro fases. Elas tratam mais da tecnologia por trás do compartilhamento de informações e da construção da infraestrutura para novas soluções bancárias.
A interação ocorre através de integrações tecnológicas entre sistemas, possibilitados pelas APIs. API é a sigla para Interface de Programação de Aplicação, em português. Trata-se de conjunto de protocolos utilizados em softwares para facilitar a troca de informações entre sistemas, como dados, funções e serviços.
Com as novas regras, as instituições financeiras devem abrir obrigatoriamente suas APIs e permitir que seus clientes possam optar por fornecer dados bancários para outras instituições, sejam eles fintechs ou outros bancos nos quais o cliente não necessariamente tem conta.
Com a criação dessa estrutura, as instituições podem compartilhar e consultar os dados que seus clientes autorizarem. Isso ajuda a desenhar soluções mais personalizadas e, dependendo do bom histórico, mais vantagens para cada cliente.
É importante lembrar que essas operações são seguras e segue todas as normas do sigilo bancário. Além disso, os correntistas podem revogar a permissão a qualquer momento.
A implementação do Open no Brasil está acontecendo de forma veloz. Segundo dados da Open Banking UK, que monitora o processo no Reino Unido, o sistema de lá teve 3 milhões de usuários ativos em seus três primeiros anos.
Já no Brasil, menos de um ano após o início da implementação, o nosso sistema já tinha mais de 4 milhões de usuários ativos.
Efeitos práticos do Open Banking no Brasil
As principais novidades ainda estão por vir. Mas pelo menos uma delas já fez uma revolução na vida dos brasileiros: o Pix.
O Pix não é o Open Banking no Brasil. Na verdade, ele é um meio de pagamento instantâneo que só pode existir devido à infraestrutura que o Open Banking proporcionou.
O meio de pagamento começou a ser implementado em novembro de 2020. Um ano depois, já tinha se tornado um dos principais meios de pagamento no Brasil, superando boletos e TEDs. Segundo o Banco Central, foram mais de 1,6 bilhão de transações.
O Open Banking é uma tentativa de criar um sistema bancário mais aberto. Para o investidor, significa que ele terá acesso a produtos mais adequados e baratos. Mas como isso vai ocorrer na prática?
Veja da seguinte forma: atualmente, mudar de banco pode ser uma tarefa bastante burocrática. Além disso, as instituições que mantêm relacionamentos de anos com seus clientes podem simplesmente perder as informações sobre essas conexões quando há uma troca.
Mas com o Open Banking, os dados são compartilhados entre as organizações e as informações não se perdem. A integração proporcionada por este modelo faz com que os processos sejam menos burocráticos e mais baratos.
É esperado que as organizações se dediquem para satisfazer os clientes com produtos e serviços aprimorados. Logo, significa mais autonomia e liberdade para o consumidor.
Entretanto, nada será feito sem o cliente autorizar o compartilhamento de seus dados. Esse procedimento deve ser realizado pelos canais digitais oficiais dos bancos e demais organizações.
Quais são as fases do Open Banking no Brasil?
Ao todo, são quatro fases estipuladas pelo Banco Central para completar a implementação do Open Banking no Brasil. O processo começou em fevereiro de 2021 e chega na etapa final em 2022.
Em primeiro lugar foram abertos os dados, canais, produtos e serviços das instituições participantes. Isso inclui contas de depósito à vista, poupança, pagamento e operações de crédito. Aqui, porém, não houve compartilhamento de dados de clientes.
Depois, a segunda fase envolveu o compartilhamento de cadastros e de transações entre as instituições financeiras. Já na terceira etapa, houve a integração de serviços, com o início das transações de pagamentos, como o Pix. Aqui os clientes passaram a poder receber ofertas de operações de crédito.
Por fim, a quarta etapa prevê a troca de informações sobre serviços de câmbio, de investimentos, de previdência e de seguros. A transição para o Open Finance começa a partir desta fase. Isso porque há o compartilhamento de dados que vão além dos produtos e serviços bancários tradicionais.
As demais serão implementadas no primeiro semestre de 2022. O compartilhamento do envio de propostas de operações de crédito a clientes que aderirem ao Open Banking é parte desta etapa final, por exemplo. A integração dos dados no Open Finance deve ser sentido na prática a parir do segundo semestre de 2022.
Open Banking ou Open Finance? A evolução do conceito
Open Banking e Open Finance costumam ser utilizados como sinônimos. Mas na verdade, o Open Finance pode ser visto como uma evolução do modelo Open Banking.
Essa transição representa uma expansão do modelo original e deve garantir segurança aos clientes das instituições participantes, sejam elas financeiras ou não.
Com o Open Banking, a troca de informações só seria possível entre bancos e instituições financeiras. Já com o Open Finance, diversas outras organizações podem participar, sejam financeiras ou não.
Um dos exemplos mais práticos é do mecanismo Iniciador de Pagamento. Significa que um aplicativo de delivery, por exemplo, pode começar um processo de pagamento via Pix, sem que o cliente tenha que abrir o internet banking ou o aplicativo de seu banco e fazer o pagamento por lá.
Entender o que é o Open Banking e quais benefícios ele traz facilita a sua vida financeira. Quer ficar por dentro de mais novidades do mundo da tecnologia e dos investimentos? Assine a nossa newsletter e receba as novidades direto em seu e-mail.