A NotCo, foodtech chilena que usa inteligência artificial para criar alimentos veganos com sabor e textura idênticos ao daqueles feitos com proteína animal, anunciou hoje a captação de US$ 70 milhões. A empresa faz parte do portfólio de investimentos da G2D, via The Craftory.
Como o mercado avaliou o negócio?
“Em tempo de vacas magras, quem tira leite de vegetal é rei. Mesmo em cenário de baixa liquidez, a NotCo acaba de levantar mais US$ 70 milhões em uma extensão de sua série D”, diz o Valor.
Por que o Valor está, desculpe o trocadilho, valorizando essa captação?
Diante da alta nas taxas de juros no mundo inteiro, empresas estão vendendo novas fatias de seu capital por preços mais baixos do que antes da crise. A NotCo é uma notável exceção. “A NotCo levantou os fundos ao mesmo preço de sua rodada série D em julho de 2021, reafirmando seu valuation de US$ 1,5 bilhão”, escreveu a Bloomberg. A NotCo é uma espécie de unicórnio-camelo!
Quem injetou dinheiro?
“O aporte é liderado pela Princeville Capital, que faz sua primeira injeção de capital na foodtech. Quem também estreia no captable é o argentino Marcos Galperin, fundador e CEO do Mercado Livre”, diz a NeoFeed. “A extensão da rodada foi acompanhada por outros investidores que já faziam parte do negócio como a Tiger Global, que liderou o aporte de Série D, L Catterton, Kaszek, Future Positive, The Craftory e DFJ Growth, além da Bezos Expeditions, de Jeff Bezos.” A G2D é investidora da The Craftory e, portanto, investidora indireta da NotCo.
Como o valor de mercado da NotCo se compara ao de gigantes do mercado mundial de carne?
O portal Metrópoles fez as contas: “Com isso, a marca chilena vale mais do que as produtoras de carne brasileiras Marfrig e Minerva, e encosta na BRF (dona da Sadia e Perdigão), que vale R$ 8,1 bilhão na Bolsa de Valores”.
Como, mesmo numa crise, uma startup está valendo tanto?
A NotCo é uma rara empresa revolucionária que conseguiu se integrar ao mainstream. “Neste ano, a NotCo fundou uma joint-venture com a Kraft Heinz. Como fornecedora, já alcançou a cozinha de redes internacionais como Burger King, Shake Shack, Starbucks e Dunkin Donuts”, diz o Valor. “Hoje, os produtos vegetais da marca estão nas prateleiras de mais de 10 mil lojas e hipermercados das redes Whole Foods, Costco, Sprouts, Wegmans, Fresh Direct e até Amazon. No Brasil, são 2 mil pontos de venda em parceiros como Sams Club, BIG, Carrefour, Pão de Açúcar, Muffato, Zona Sul, Mambo e até em plataformas como Rappi, Mercado Livre e Justo”.
Para que vai servir esse dinheiro?
Para ganhar ainda mais fôlego financeiro, segundo Matias Muchnick, cofundador e CEO da NotCo. “‘Vamos colocar mais dinheiro no banco e ficar fora do mercado pelos próximos cinco anos’, diz Muchnick. Assim, a tendência é de que a próxima captação ocorra com uma eventual abertura de capital”, diz a NeoFeed. “‘Nós já tínhamos um plano completo para um IPO por volta de 2025’, diz Muchnick, segundo a Forbes. ‘Tornar a empresa pública requer tempo e um processo adequado, então cultivar essa disciplina antes nos permite estar mais prontos e manter nossa competitividade’”.