A empresa de venture capital Deep Knowledge Ventures apresenta sua equipe assim: Dmitry, Alex, Jim, Victoria, Fintech AI, Vital, Spock e Nanotech AI. Isso mesmo: são quatro humanos e quatro robôs.
“Nós usamos máquinas virtuais inteligentes para nos ajudar a analisar mercados e prever os maiores crescimentos financeiros dos próximos anos, para nos habilitar a tomar decisões no presente”, afirma a Deep Knowledge Ventures.
Fundada em 2014, com sede em Hong Kong, a Deep Knowledge Ventures até hoje é mais conhecida por nomear um robô como membro do conselho, do que por seus investimentos.
Mas o exemplo da DKV está se tornando a cada dia mais comum, conforme a inteligência artificial generativa ganha capacidade de processar dados. Empresas e fundos de investimento estão recrutando robôs para identificar oportunidades de negócios, avaliar empresas e prever tendências.
IA nas tomadas de decisão
Interessada na capacidade dos algoritmos de avaliar e estimar cenários, a consultoria Bain & Company anunciou uma parceria com a OpenAI, empresa cofundada por Elon Musk criadora de sistemas como ChatGPT, DALL·E eCodex.
“A IA atingiu um ponto de inflexão e prevemos uma enorme onda de mudanças e inovações para nossos clientes”, diz Manny Maceda, sócio da Bain & Company. “Vemos isso como uma revolução industrial para o trabalho do conhecimento, e um momento em que todos os nossos clientes precisarão repensar suas arquiteturas de negócios e se adaptar”.
A primeira beneficiária desses serviços será a Coca-Cola. “A oportunidade de ampliar a criatividade de nosso departamento de marketing usando a inteligência artificial é algo que vale a pena tentar”, diz James Quincey, CEO da Coca-Cola. “Sempre que casamos o humano com a tecnologia, temos um melhor resultado do que trabalhando com os dois sozinhos”.
O papel da IA no venture capital
Para empresas de venture capital, a inteligência artificial pode gerar modelos simulados de desempenho financeiro. Por exemplo, pode-se alimentar o processador com dados históricos de companhias que tiveram sucesso ou falharam.
A partir de dados passados, a máquina pode gerar simulações de desempenho futuro para novas empresas. Essas simulações podem ajudar a avaliar a viabilidade financeira e o potencial de retorno de um investimento.
A inteligência artificial pode ser usada para gerar modelos de previsão de tendências em setores específicos, o que pode ajudar os investidores a identificar oportunidades emergentes.
O machine learning também pode ser usado para avaliar startups. Por exemplo, a inteligência artificial pode analisar dados de desempenho de uma startup e gerar simulações de como a empresa pode se sair em diferentes cenários de mercado. Isso pode ajudar os investidores a avaliar o potencial de um empreendimento e tomar decisões informadas sobre o investimento.
Quem usa IA para investimentos?
Desde sua criação, em 2013, o fundo de venture capital americano SignalFire usa inteligência artificial para calcular seus passos. A empresa já levantou US$ 1,9 bilhão em fundos, fez 185 investimentos e 11 saídas.
“Em vez de criar um monte de filtros genéricos, podemos simplesmente jogar em uma IA”, disse Chris Farmer, fundador e CEO da SignalFire, ao Pitchbook. “Estamos usando modelos de linguagem para entender a conectividade e as semelhanças (das empresas) com bastante precisão, com menos camadas de processo".
Dá para confiar nos insights da IA?
Em uma palavra: não. Mas você poderia dizer o mesmo sobre qualquer outro instrumento individual de avaliação de um setor ou empresa. Quanto mais previsível é um setor, mais seus riscos já estão precificados. Enxergar melhor e mais longe é essencial ao negócio.
A inteligência artificial é excelente para trazer sugestões. Que podem ser descartadas ou validadas pelos tomadores de decisões. Se a máquina ajudar a testar e ilustrar hipóteses, com agilidade, já fará por merecer seu bônus semestral. E a melhor parte: mesmo merecendo, não vai pedir.